Viagem do Papa Francisco ao Sri Lanka abre corações à esperança

15 de janeiro de 2015, quinta Viagem do Papa Francisco ao Sri Lanka abre corações à esperança

Esta quinta-feira, antes de despedir-se do Sri Lanka e partir para a segunda etapa desta sua sétima viagem apostólica internacional indo para as Filipinas, o Papa Francisco visitará a Capela dedicada a “Nossa Senhora de Lanka” em Bolawalana. Para um balanço da viagem do Santo Padre a este país – a partir de alguns eventos não previstos –, o colega Silvonei José entrevistou o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi:

Encontro do Papa com o ex-presidente

“Foram três eventos simples, mas significativos, que se somaram – como se dá habitualmente – ao programa. O primeiro foi a visita de cortesia do ex-presidente, com seu irmão, que era também um ministro do governo precedente, e com as respectivas mulheres. Como foi este ex-presidente a convidar o Papa a vir ao Sri Lanka, era também justo e normal que desejasse saudá-lo e expressar sua gratidão por ter vindo e pelo bom êxito da visita. Tratou-se, portanto, de uma visita de cortesia, muito simples, breve, mas que dá um sentido também de harmonia, de serenidade pelo fato desta mudança que provavelmente muitos não previam. E essa mudança deu-se de modo tão pacífico e tão respeitoso, que é um sinal certamente de maturidade também para a democracia e para o país do Sri Lanka e de seus responsáveis. Portanto, creio que este encontro tenha sido um elemento para a população do Sri Lanka que em grande parte também votou para este presidente. Um sinal positivo.”

Visita a um templo budista

RV: Houve um encontro também num templo budista?

Pe. Federico Lombardi:- “Sim. O Papa tinha encontrado no aeroporto um relevante representante de uma das organizações budistas, que lhe expressara o desejo de vê-lo e que queria encontrá-lo. Este personagem tinha vindo também para o encontro inter-religioso da terça-feira, junto a todos os outros monges budistas que estavam presentes. O Papa aproveitou o tempo que teve esta tarde para fazer uma rápida visita ao centro, em que está também o templo e a sala religiosa de oração desta comunidade budista. Foi acolhido com grande familiaridade. Foi-lhe bem explicada a realidade deste lugar de oração e lhe foi mostrado o Stupa, que contém relíquias e que é um dos objetos sagrados que têm no templo, diante da estátua de Buda; e inclusive abriram o objeto sagrado para o Papa, coisa que acontece – parece-me – somente uma vez por ano. Portanto, foi uma abertura excepcional como sinal de respeito, de honra, de amizade por esta grande autoridade religiosa que os visitava. Enquanto abriam este objeto que contém relíquias, alguns jovens monges que estavam ali presentes recitaram um canto, uma oração com muita naturalidade e simplicidade. Foi um momento breve, mas significativo da naturalidade, estilo familiar com que o Papa leva adiante as relações com as pessoas, inclusive das outras religiões. De certo modo, é a sua cultura e pedagogia do encontro pessoal que, depois, faz caminhar as grandes causas como a do diálogo inter-religioso. Também neste caso notamos isso. Este personagem budista tinha ali exposta uma bonita fotografia com o Papa Bento XVI: portanto se vê que é uma pessoa que cultiva o diálogo com as outras religiões e tinha estado no Vaticano por ocasião de uma audiência. Tinha uma bonita foto sua, de 2007, com o Papa Bento XVI... Portanto, não era uma pessoa nova na relação amistosa com os católicos.”

O abraço com os bispos

RV: O terceiro evento com os bispos do país...

Pe. Federico Lombardi:- “O Papa quis ir porque na terça-feira não tinha ido à residência arquiepiscopal de Colombo. Estava programado para a manhã de terça-feira, para pouco depois da chegada, uma visita para um encontro com todos os bispos do país e o almoço com eles: na realidade, como a viagem tinha sido longa e o trajeto do aeroporto até a Nunciatura Apostólica tinha sido feito sob o sol, o Papa estava cansado e o tempo estava reduzido, preferiu repousar para estar depois em forma para os encontros da parte da tarde. Como de fato se deu... Mas como esta tarde o Papa estava muito bem ao término do dia, quis então recuperar com um ato de amizade, de simpatia, esta visita aos bispos. Na realidade os bispos estavam voltando de Madhu, do norte do país, e tinham partido tarde e já estava meio escuro, com isso chegaram atrasados: desta vez, foram eles que fizeram o Papa esperar... foi um encontro breve, mas cordial e simpático.”

Extraordinária contribuição do Papa, superior às expectativas

RV: Pe. Lombardi, para concluir: estes dois dias intensos no Sri Lanka...

Pe. Federico Lombardi:- “O Papa deu verdadeiramente uma contribuição absolutamente extraordinária, diria muito superior ao que se pudesse imaginar. Ajudado também por uma circunstância de certo modo inesperada, que é o fato que estas eleições, que eram temidas, foram realizadas na paz e com a mudança abriram esperanças que levam a pensar que também na vida concreta desta sociedade, estas mensagens, estas palavras do Papa de reconciliação, de construção comum de uma nova sociedade reconciliada, possam tornar-se realidade. E isso é uma coisa muito bonita e nós esperamos que isso aconteça. A Igreja demonstrou-se muito ativa, presente, capaz de uma preparação pastoral profunda destes eventos. Portanto, creio que a Igreja será capaz também de levar adiante a herança desta viagem e das mensagens que o Papa lhe confiou para o bem da sociedade em seu conjunto.”

Papa muito contente

RV: O Papa está contente com a viagem?

Pe. Federico Lombardi:- “Sim que está contente! Muito contente! Ele a vive como uma graça de Deus e sente muito a ajuda da Providência que lhe dá forças para fazer coisas que normalmente uma pessoa com a sua idade não conseguiria fazer e lhe oferece também ocasiões para encontrar pessoas, povos numa forma tão positiva que abre o coração à esperança.” (Radio Vaticano)