Venezuela: Bispos recusam violência e exigem respeitar direito a protesto pacífico
15 de fevereiro de 2014, sbadoA Presidência da Conferência Episcopal Venezuelana (CEV), condenou a violência lançada a quarta-feira contra a marcha pacífica que realizavam milhares de jovens e que deixou três mortos e dezenas de feridos e detentos; e exigiu ao Governo de Nicolás Maduro respeitar o direito ao protesto pacífico, a liberdade de informação e atender as causas pelas quais a população sai às ruas.
“Como pastores da Igreja manifestamos nosso desejo de contribuir ao fortalecimento da paz entre todos os venezuelanos. Recusamos qualquer tipo de violência, tanto nas manifestações como fosse delas, bem como os excessos na repressão das mesmas”, expressaram os bispos num comunicado esta sexta-feira.Os bispos recordaram que o direito ao protesto pacífico, bem como à liberdade de expressão e informação são valores sociais imprescindíveis numa autêntica democracia que devem ser garantidos por quem exercem responsabilidades públicas, “evitando o uso de medidas judiciais para amedrontar e castigar aos dissidentes”.“O recurso à violência como meio para impor as próprias posições, vinga de onde vinga, é moralmente inaceitável. Esta deve ser desterrada sempre tanto da linguagem como das ações”, expressaram. Nesse sentido, exigiram que “os grupos violentos devem ser desarmados e controlados pelas autoridades policiais, em concordância com a política de desarmamento. Exigimos uma exaustiva investigação e o castigo aos culpados no marco da Constituição e as leis, observando o devido processo judicial”.
Assim mesmo, recordaram que é dever do Estado “atender os justos reclames dos diversos setores e oferecer as condições mínimas para um diálogo social que permita superar os problemas sociais e econômicos. Este diálogo se avalia pelos resultados; deve basear-se no respeito das legítimas diferenças e ter como finalidade a busca do bem comum, que vai além dos interesses de pessoas ou grupos”. Por isso pediram aos líderes de todos os partidos e agrupações alentar a seus apoiantes a baixar as tensões, “ao reconhecimento dos adversários e à mútua reconciliação. Que seja firme e sustentado o propósito de construir a paz e evitar qualquer tipo de manifestação violenta que rompa a sã convivência entre todos os cidadãos”.
Os bispos se dirigiram também chamaram aos meios de comunicação “informar a verdade com objetividade e evitar a exaltação da violência”.
Finalmente, chamaram aos sacerdotes a “manter nas celebrações litúrgicas e em toda ocasião a prece por ‘os líderes e por todos os constituídos em autoridade, para que possamos gozar de uma vida calma e pacífica, com toda reverência e dignidade’” e convidaram aos fiéis a rezar pela reconciliação do país.Meios de comunicaciónSobre o tema dos meios de comunicação, ontem, em declarações a União Radio, o Arcebispo de Caracas, Cardeal Jorge Urosa, exigiu ao Governo respeitar o direito à informação. “Eu fiquei assombrado ontem na noite quando depois de toda uma espécie como de ‘apagão de notícias’, fui-me inteirando do que tinha passado. Não há direito a que os venezuelanos não estejamos informados sobre as coisas graves que possam passar (…).
O Governo deve respeitar o direito à informação”, expressou.Ontem mesmo, o presidente Nicolás Maduro acusou à agencia AFP de “manipulação” ao transmitir os protestos e a violência que teve a quarta-feira, e indicou que o retiro do canal colombiano de notícias NTN24 do sinal de cabo foi “uma decisão de Estado” por "transmitir ao vivo uma tentativa inesperadamente de Estado promovido pela oposição"."Denuncio à AFP e lhe pedi à ministra (de Comunicação e Informação, Delcy Rodríguez) que tome medidas e lhe fale claro aos correspondentes de AFP e aos chefes dessa agência", indicou. Uma fonte próxima a ACI Imprensa informou que em Venezuela há problemas com a conexão a Internet, “sobretudo os que nos movemos muito nas redes”. Indicou que “estão colapsadas porque todos nos estamos comunicando por aí, já que os meios não informam”. A mesma fonte informou que nestes momentos grupos de jovens seguem protestando nas ruas de Caracas, enquanto outros onze jovens foram detidos em Valencia. “A gente saiu às ruas porque está cansada, está farta de ter que fazer filas de horas por uma arepa, por papel para o banho. Não se entende que tendo tanta prata do petróleo, não tenhamos as coisas básicas”, agregou.Por sua vez, em declarações a Rádio Martí, o diretor do Foro Penal Venezuelano, Gonzalo Himiob, denunciou que a raiz da protestos em Venezuela uns 125 jovens terminaram nos cárceres e alguns denunciam que foram torturados.
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