Reflexão para o XXIX Domingo do Tempo Comum

19 de outubro de 2014, domingo Reflexão para o XXIX Domingo do Tempo Comum

A primeira leitura nos fala de como um rei estrangeiro, não pertencente ao povo judeu, recebe de Deus a missão de salvá-lo.

Ciro, o rei persa, sente-se imbuido de justiça e realiza a missão messiânica de libertar os judeus. Isso, à luz do Evangelho que veremos em seguida, significou dar a Deus o que é de Deus, ou seja a seu Povo. Os judeus, sendo libertados, poderão voltar para casa, para o Templo e, com mais facilidade prestarão culto a Javé.

Deus é o Senhor da História, por isso pode tocar no coração de quem não O conhece, para que exerça a missão confiada por Ele, na História da Salvação.

No Evangelho, os judeus para apanharem Jesus em algum erro desastroso, preparam-lhe uma armadilha. Seja qual for a resposta do Senhor, ele se dará mal. Mas Jesus, conhecendo os corações das pessoas, intuiu a malícia e devolveu a pergunta com outra, altamente inteligente, que eles respoderão caindo na própria armadilha, e só o perceberão depois.

Para os judeus, por causa da proibição de fazer imagem de qualquer criatura, a moeda com o retrato do imperador era uma transgressão, no entanto, certamente por causa das necessidades econômicas, se esqueciam disso e a utilizavam normalmente.

Jesus lhes pergunta de quem é a efígie, ou seja, quem está retratado na moeda. Ingenuamente colocam a mão no bolso, tiram uma moeda e dizem que o retrato é de César, do imperador. Ora, só o fato de trazerem consigo um objeto, no caso a moeda, com o retrato de alguém, demonstra a conivência deles em relação ao não cumprimento do preceito de não fazer imagens ou outros objetos que retratem criaturas. Jesus nada fala a esse respeito, pois o constrangimento é geral.

O Senhor apenas manda devolverem a César, aquilo que possui seu retrato, aquilo que não é dos judeus, que não é do Povo de Deus, mas dos romanos opressores. Rejeitar todo poder que gera escravização, dominação.

O ser humano foi feito para ser livre e servir apenas ao Senhor. Dominação e morte não são cristãs. Deus é vida! Deus rejeita César quando o imperador impede ao homem uma vida digna a que tem direito por te sido criado à imagem de Cristo.

Jesus não proibiu o pagamento de impostos, não é isso que ele quis dizer. Jesus coloca o pingo no “i” ao rejeitar a opressão e mandar restituir a Deus o que é de Deus e a César o que é de César.

Como em Ciro, Deus pode suscitar em pessoas não cristãs e nem conhecedoras do Deus único e verdadeiro, atitudes justas e perfeitas. Ele é o Senhor de todos e da História.

Dar a César significa devolver ao poder temporal o que ele necessita para exercer dignamente o seu papel, seguindo a lei humana de fazer o bem seguindo os ditames da consciência sadia e denunciá-lo quando estiver absolutizando seu poder.

Dar a Deus significa restituir ao Criador e Redentor todo seu senhorio sobre os corações e sobre toda a vida humana.

Poderíamos nos perguntar, como se estivéssemos fazendo um exame de consciência:

Sou um cidadão em que o Brasil pode confiar? Partilho o que tenho e o que sou para o crescimento da nação e para a vivência da fraternidade?

Porto-me como filho de Deus e luto para instaurar neste mundo o Reino de Jusiça, Amor e Paz que Jesus veio trazer?

Tenho consciência de que meu amor pelo Brasil estará plenificado à medida que procuro ser um cidadão praticante dos valores cristãos?

Ciro fez o papel que depois seria vivenciado por César, o papel de líder internacional e sem consciência da ação do Transcendente agiu como um messias.

Pertencemos a Deus, nossa vida é dEle. Que Ele tenha o senhorio de nosso coração e a precedência em tudo aquilo que fizermos. Que nosso pensar, nosso agir sejam reflexos do amor de Deus em nossos corações. Ele nos criou por amor e por amor nos redimiu. Somos de Deus.