Papa Francisco aponta 15 doenças para um exame de consciência
04 de janeiro de 2014, sbadoO Papa Francisco recebeu em audiência na Sala Clementina os membros da Curia Romana para os tradicionais votos de Boas Festas. No seu discurso o Santo Padre referiu as quinze doenças da Cúria, convidando todos a pedirem perdão a Deus que “nasce na pobreza da gruta de Belém para nos ensinar o poder da humildade”. A Igreja não pode viver sem ter uma relação vital, pessoal e autêntica com Cristo.
O Papa pede um verdadeiro exame de consciência na preparação do Natal. Ao apontar estas quinze doenças ou tentações, o Papa Francisco esclarece que não dizem respeito apenas à Cúria Romana mas são um perigo para qualquer cristão, diocese, comunidade, congregação, paróquia e movimento eclesial. Falando em “catálogo das doenças”, na esteira dos padres do deserto, o Papa passou a apresentar as quinze doenças ou tentações:
- Sentir-se imortal ou indispensável. “Uma Cúria que não faz auto-crítica, que não se atualiza é um corpo enfermo”. É o “complexo dos eleitos, do narcisismo”;
- Martalismo (de Marta, a doença do excesso de trabalho). Os que trabalham sem usufruírem do melhor. A falta de repouso leva ao stress e à agitação;
- A mentalidade dura. Quando se perde a serenidade interior, a vivacidade e a audácia e nos escondemos atrás de papéis, deixando de ser “homens de Deus”;
- A excessiva planificação. “Quando o Apóstolo planifica tudo minuciosamente e pensa que assim as coisas progridem torna-se num contabilista”. É a tentação de querer pilotar o Espírito Santo;
- Má coordenação. Quando se perde a comunhão e o “corpo perde a sua harmoniosa funcionalidade”;
- O Alzheimer espiritual. Esquecer a história do encontro com Deus. Perda da memória com o Senhor. Criam muros e são escravos de ídolos;
- Rivalidade e vã glória. Quando o objetivo da vida são as honrarias. Leva-nos a ser falsos e a viver um falso misticismo;
- Esquizofrenia existencial. “Vivem uma vida dupla, fruto da hipocrisia típica do medíocre e do progressivo vazio espiritual que licenciaturas e títulos académicos não podem preencher”. Burocratismo e distância da realidade. Uma vida paralela.
- Mexericos. Nunca é demais falar desta doença. Podem ser homicidas a sangue frio. “É a doença dos velhacos que não tendo a coragem de falar diretamente falam pelas costas”. Defendamo-nos do terrorismo dos mexericos;
- Cortejar os chefes. Carreirismo e oportunismo. “Vivem o serviço pensando unicamente naquilo que devem obter e não no que devem dar”. Pode acontecer também aos superiores;
- Indiferença perante os outros. “Quando se esconde o que se sabe. Quando, por ciúme, se sente alegria em ver a queda dos outros em vez de os ajudar a levantar”;
- Cara fúnebre. Para ser sérios é preciso ser duros e arrogantes. “A severidade teatral e o pessimismo estéril são muitas vezes sintomas de medo e insegurança”. “O apóstolo deve esforçar-se por ser uma pessoa cortês, serena, entusiasta e alegre e que transmite alegria…”. “Como faz bem uma boa dose de são humorismo”;
- Acumular bens materiais. “Quando o apóstolo tentar preencher uma vazio existencial no seu coração acumulando bens materiais, não por necessidade, mas só para se sentir seguro”;
- Círculos fechados. Viver em grupinhos. Inicia com boas intenções mas faz cair em escândalos;
- O lucro mundano e exibicionismo. “Quando o apóstolo transforma o seu serviço em poder e o seu poder em mercadoria para obter lucros mundanos ou mais poder”.
O Papa Francisco concluiu o seu discurso recordando ter lido uma vez que “os sacerdotes são como os aviões: só são notícia quando caiem…“. “Esta frase” – observou o Papa – “é muito verdadeira porque delineia a importância e a delicadeza do nosso serviço sacerdotal. Um só sacerdote que cai pode causar muito mal a todo o Corpo da Igreja“.
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