Níger autoriza envio de tropas contra Boko Haram na Nigéria
11 de fevereiro de 2015, quartaO parlamento do Níger aprovou o envio de tropas na Nigéria para combater os militantes do Boko Haram. A votação nasceu depois dos recentes ataques do grupo terrorista que invadiu o seu território. "Há vários anos que o Boko Haram fez a sua aparição", disse o presidente do Níger, Mahamadou Issoufou: "Hoje tornou-se um monstro. Devemos organizar-nos para parar definitivamente esta ameaça". O Níger adere assim à decisão da União Africana para estabelecer uma força multinacional que contraste o Boko Haram com cerca de 8.000 homens, graças a um acordo assinado também com a Nigéria, Chade, Camarões e Benin. Palavras de apoio a esta decisão vieram também do Conselho da União Europeia. A Rádio Vaticano (Adriana Masotti) falou com Anna Bono, docente de História Africana na Universidade de Turim:
O aspecto mais interessante é que, em vez de esperar e desejar uma intervenção das Nações Unidas, as nações envolvidas decidiram - com a aprovação da União Africana - de criar uma força regional. A ideia tinha amadurecido já nos meses precedentes, mas agora com ataques repetidos nos Camarões e com estes dois últimos ataques, os primeiro no Níger, felizmente parecem acelerar uma decisão já tomada e que os parlamentos individuais devem naturalmente aprovar. A força regional deve contar com cerca de 7 a 8 mil homens e deveria coordenar-se com a base no Chade, porque nos últimos dias a Nigéria tem dado sinais decididos de não querer hospedar tropas de forma permanente no seu território.
Não se fez esperar a resposta imediata do Boko Haram. A amaeaça: “Vamos matar-vos a todos!”
Boko Haram tem se tornado cada vez mais ameaçador e não apenas em palavras. O movimento, nos últimos meses, se tem consolidando de uma forma que até o ano passado não parecia possível. Conseguiu não apenas multiplicar os ataques, as agressões, os atentados, mas também a apoderar-se de forma estável de um território cada vez mais amplo, no qual exerce o seu controle realizando o seu objectivo, ou seja, a imposição da lei islâmica”.
Eu me pergunto qual é a reacção da população das aldeias e cidades deste território e se Boko Haram tem preparado a sua chegada ...
Certamente, Boko Haram pode contar com uma base étnica, e isto é sempre muito importante em África. Portanto, eles sabem que com uma parte da população podem contar. Além disso, sabemos que, na Nigéria eles podem contar pelo menos com componentes importantes do mundo político e dos ambientes militares.
O Cardeal Onaiyekan, Arcebispo de Abuja, disse recentemente na Itália que a Nigéria pode conseguir sozinha combater o Boko Haram e é céptico sobre a eficácia de uma intervenção por parte da comunidade internacional. No entanto, diz que no seu país "até agora, tem faltado a vontade política" …
Na verdade, o país possui um dos maiores exércitos do continente Africano. Com certeza, faltou uma vontade política ou, pelo menos, essa vontade faltou numa parte importante da liderança política. O que se diz, de modo cada vez mais claro, é que também neste caso a Nigéria está a pagar a conta dos níveis astronómicos de corrupção e malgoverno, com repercussões também na capacidade de o exército poder combater o Boko Haram. Os episódios de militares em fuga, porque dotados de armas menos modernas e menos eficazes, não se contam ... Portanto, é efectivamente verdade: a Nigéria seria capaz de combater o Boko Haram, mas não o fez. Isto torna necessária uma intervenção regional, não só pela sua insuficiência, mas porque agora o problema é regional.
Alguns dias atrás, o adiamento das eleições na Nigéria. Mas existe a perspectiva de que, com as eleições - quando tiverem lugar - haverá uma mudança dessa vontade de combater o Boko Haram na Nigéria?
Todos os protagonistas da vida política da Nigéria, neste momento de campanha eleitoral, se proclamam defensores do território nacional. Vamos ver quem ganhará as eleições e, sobretudo, quando serão realizadas, porque agora foram adiadas para março, mas não é impossível que tenham de ser adiadas ulteriormente. E imagino que Boko Haram fará tudo para que isso aconteça. Existe um outro problema enorme para a Nigéria: as dificuldades económicas deste país, que é o primeiro produtor de petróleo da África, mas que está a braços com o colapso dos preços do petróleo, que está drenando os cofres do Estado com todas as consequências que podemos imaginar, tanto sociais como económicas, e mesmo do ponto de vista militar. (Radio Vaticana)
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