Acompanhar e não condenar a um casal quando fracassa, pede o Papa Francisco

01 de maro de 2014, sbado Acompanhar e não condenar a um casal quando fracassa, pede o Papa Francisco

Na homilia da Missa que presidiu esta manhã na capela da Casa Santa Marta, o Papa Francisco fez uma reflexão sobre o casal, e disse que quando o amor entre um homem e uma mulher “fracassa” não se deve condenar a estas pessoas, senão acompanhá-las em sua dor, sem fazer “casuística de sua situação”.A reflexão do Santo Pai se dá quando em diversos meios seculares se informou erradamente sobre a suposta “autorização” do Papa para que os divorciados em nova união possam comungar. O vocero do Vaticano, o P. Frederico Lombardi, assinalou faz uns dias que o tema foi amplamente debatido no recente consistório de cardeais, mas precisou que não se tomado nenhuma decisão a respeito.“Sobre a admissão aos sacramentos dos divorciados que se voltaram a casar as intervenções foram amplas e profundas, ainda que não tenha tido nem decisões nem pronunciamentos a respeito”, afirmou o sacerdote. O vocero disse que o clima do diálogo foi “muito positivo, de discernimento, de busca conjunta do caminho para conjugar o melhor possível a fidelidade às palavras de Jesus com a misericórdia divina e o atendimento às situações concretas, sempre com grande sensibilidade”.

Em sua homilia de hoje, o Papa Francisco disse que “quando este deixar o pai e a mãe e unir-se a uma mulher, fazer-se uma só carne e ir adiante e este amor fracassa, porque tantas vezes fracassa, devemos sentir a dor do fracasso, acompanhar àquelas pessoas que tiveram este fracasso no próprio amor. Não condenar! Caminhar com elas! E não fazer casuística com sua situação”.

Quando um lê isto, reflexionou depois o Papa, “pensa neste desenho de amor, este caminho de amor do casal cristão, que Deus abençoou na obra de arte de sua Criação”. Uma “bênção –advertiu– que jamais foi tirada. Nem sequer o pecado original a destruiu!”. Quando um pensa em isto, “vê quão belo é o amor, quão belo é o casal, quão bela é a família, quão belo é este caminho e quanto amor, quanta cercania temos que ter com os irmãos e as irmãs que na vida tiveram a desgraça de um fracasso no amor”.

Citando depois a São Paulo, o Papa Francisco sublinhou a beleza “do amor que Cristo tem por sua esposa, a Igreja!”. No Evangelho de hoje, os fariseus lhe apresentam a Jesus o problema do divórcio. Seu estilo, constatou, é sempre o mesmo: “a casuística”, “É isto lícito ou não?” “Sempre o pequeno exemplo. E esta é a armadilha: por trás da casuística, por trás do pensamento casuístico, há sempre uma armadilha. Sempre! Contra a gente, contra nós e contra Deus, sempre!”“‘Mas é lícito fazer isto? Repudiar à própria esposa?’. E Jesus responde, perguntando-lhes que dizia a lei e explicando porque Moisés fez aquela lei. Mas não se deteve ali: da casuística vai ao centro do problema e aqui precisamente se dirige aos dias da Criação. É muito formosa aquela referência do Senhor: ‘Desde o princípio da criação, Deus os fez varão e mulher. Por isso, o homem deixará a seu pai e a sua mãe, e os dois não serão senão uma só carne. De maneira que já não são duas, senão uma só carne’”.

O Senhor, continuou o Pontífice, “se refere à obra mestra da Criação” que são justamente o homem e a mulher. E Deus, agregou, “não queria ao homem só, queria-o” com “seu colega de caminho”. É um momento poético, observou, quando Adão encontra a Eva: “É o início do amor: vão juntos como uma só carne”. O Senhor, precisou, “tomada sempre o pensamento casuístico e o leva ao início da revelação”.

Por outro lado, explicou, “esta obra de arte do Senhor não terminou ali, nos dias da Criação, porque o Senhor elegeu este ícone para explicar o amor que Ele tem para seu povo”. A tal ponto, recordou, que “quando o povo não é fiel" Ele "lhe fala, com palavras de amor”.“O Senhor toma este amor da obra de arte da Criação para explicar o amor que tem com seu povo. E algo mais: quando Pablo tem necessidade de explicar o mistério de Cristo, fá-lo também em relação, em referência a sua Esposa: porque Cristo está casado, Cristo estava casado, tinha desposado à Igreja, seu povo. Como o Pai tinha desposado ao Povo de Israel, Cristo desposou a seu povo. Esta é a história do amor, esta é a história da obra de arte da Criação!”Para concluir o Papa disse que “Também aqui devemos estar atenciosos para que o amor não fracasse! Não falar de um Cristo demasiado ‘solterón’: Cristo desposou à Igreja! Não se pode entender a Cristo sem a Igreja e não se pode entender à Igreja sem Cristo. Este é o grande mistério da obra de arte da Criação. Que o Senhor nos dê a todos nós a graça de entendê-lo e também a graça de jamais cair nestas atitudes casuísticas dos fariseus, dos doutores da lei”.