Construir uma política verdadeiramente humana, pede Papa às autoridades

13 de maro de 2016, domingo Construir uma política verdadeiramente humana, pede Papa às autoridades

Esta manhã às 10, 15, horas locais, Francisco teve o encontro com as autoridades, a sociedade civil e o Corpo diplomático acreditado no país.

No seu breve discurso, Francisco iniciou por agradecer o Presidente, pelas palavras de boas-vindas que lhe dirigiu, dizendo:

“É motivo de alegria poder pisar esta terra mexicana que ocupa um lugar especial no coração das Américas. Hoje venho como missionário de misericórdia e de paz, mas também como um filho que quer prestar homenagem à sua mãe, a Virgem de Guadalupe, e deixar-se olhar por Ela”.

Procurando ser um bom filho que segue os passos da mãe, prosseguiu Francisco, desejo, por minha vez, prestar homenagem a este povo e a esta terra tão rica de cultura, história e diversidade. Na sua pessoa, Senhor Presidente, desejo saudar e abraçar o povo mexicano nas suas múltiplas expressões e nas mais diversas situações em que vive.

O México é um grande país, sublinhou Francisco, abençoado com riquezas naturais abundantes e uma enorme biodiversidade que se estende ao longo de todo o seu vasto território. A sua localização geográfica privilegiada faz dele uma encruzilhada das Américas; e as suas culturas indígenas, mestiças e crioulas dão-lhe uma identidade própria que possibilita uma riqueza cultural nem sempre fácil de encontrar e, especialmente, de valorizar

E sobre os jovens, maior riqueza do México, Francisco reiterou:

“Penso e ouso dizer que, hoje, a principal riqueza do México tem um rosto jovem; sim, são os seus jovens. Um pouco mais de metade da população é composta por jovens. Isto permite pensar e projectar um futuro, um amanhã. Isto dá esperança e abertura ao futuro. Um povo rico de juventude é um povo capaz de se renovar, de se transformar; é um convite a levantar o olhar com confiança para o futuro e, ao mesmo tempo, desafia-nos positivamente no presente”.

E o Papa falou ainda da responsabilidade de todos na construção do País:

“Esta realidade leva-nos, inevitavelmente, a reflectir sobre a responsabilidade de cada um na construção do México que desejamos, do México que pretendemos transmitir às gerações futuras; e leva-nos igualmente à certeza de que um futuro rico de esperança se forja num presente feito de homens e mulheres justos, honestos, capazes de comprometer-se com o bem comum, aquele «bem comum» que neste século XXI não é muito apreciado”.

Em seguida Francisco sublinhou que o povo mexicano reforçou a sua experiência com uma identidade que foi forjada, em momentos árduos e difíceis da sua história, por grandes testemunhos de cidadãos que compreenderam que, para se poder superar as situações nascidas do fechamento do individualismo, era necessário o acordo das instituições políticas, sociais e de mercado, e de todos os homens e mulheres comprometidos na busca do bem comum e na promoção da dignidade da pessoa.

“Uma cultura ancestral e um capital humano aberto à esperança, como o vosso – insistiu o Santo Padre -  deve ser uma fonte de estímulo para encontrar novas formas de diálogo, de negociação, de pontes capazes de nos guiar ao longo do percurso dum empenho de solidariedade; um empenho no qual todos, a começar por aqueles que se definem cristãos, nos dediquemos à construção de «uma política verdadeiramente humana» e de uma sociedade onde ninguém se sinta vítima da cultura do descarte”.

Finalmente, aos responsáveis pela vida social, cultural e política disse o Papa que compete de modo especial a eles trabalhar para oferecer a todos os cidadãos a oportunidade de serem dignos protagonistas do seu destino na família e em todos os âmbitos onde se desenvolve a socialidade humana, ajudando-os a ter acesso efectivo aos bens materiais e espirituais indispensáveis: moradia adequada, trabalho digno, alimentação, justiça real, uma segurança eficaz, um ambiente são e pacífico. Isto não é só uma questão de leis que requerem actualizações e melhorias, mas da formação urgente da responsabilidade pessoal de cada um no pleno respeito pelo outro como co-responsável na causa comum de promover o desenvolvimento da nação – é um dever que envolve todo o povo mexicano nas suas várias instâncias: públicas e privadas, colectivas e individuais.

E neste esforço, assegurou Francisco, o Governo mexicano pode contar com a colaboração da Igreja católica, que sempre acompanhou a vida da nação e renova o seu compromisso e vontade de serviço à grande causa do homem: a edificação da civilização do amor.  E o Papa concluiu colocando a sua missão ao México sob a protecção da Virgem de Guadalupe para que, por sua intercessão, “estes dias e o futuro desta terra sejam uma oportunidade de encontro, comunhão e paz”.

fonte: Rádio Vaticano