1ª João

O DINAMISMO DA FÉ É O AMOR

O autor da primeira carta de João é o mesmo do quarto Evangelho, ou talvez um discípulo dele. Escrita provavelmente no fim do séc. I, era dirigida às comunidades cristãs da Ásia Menor, que passavam por séria crise, provocada por um grupo de dissidentes carismáticos. Estes propunham uma doutrina gnóstica, que afirmava que o homem se salva graças a um conhecimento religioso especial e pessoal. Eles negavam que Jesus era o Messias e se gloriavam de conhecer a Deus, de amá-lo e de estar em íntima união com ele; afirmavam-se iluminados, livres do pecado e da baixeza do mundo; não davam importância ao amor ao próximo e talvez até odiassem e hostilizassem a comunidade. O grupo fora rejeitado, mas algumas comunidades ficaram inseguras e confusas.

A carta mostra que é vazio e sem valor qualquer espiritualismo que não se traduz em comportamento prático. Não é possível amar a Deus sem amar ao próximo e sem formar comunidade: se Deus é Pai, os homens são filhos e família de Deus, e conseqüentemente todos devem amar-se como irmãos. Deus manifestou o seu amor por meio de Jesus, que tornou possível o amor entre os homens. Daí o perigo de negar que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, que viveu e deu sua vida pelos homens. Por outro lado, somente pela fidelidade ao exemplo e mandamento de Jesus é que o homem tem vida plenamente humana.

O centro da carta é o amor, que traduz a fé em vida concreta. Amar ao próximo significa conhecer a Deus, viver na luz, estar unido a Deus e aos irmãos, não pertencer ao mundo e cumprir os mandamentos. Portanto, amar a Deus é praticar a justiça, é ser filho de Deus, obter o perdão dos pecados e libertar-se do medo.