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Padre Zezinho
Padre, cantor, catequista
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Cucarachas latino-americanas
Uma inocente canção latino-americana cantada em praticamente todo o continente, fala das baratas: la cucaracha ya non puede caminar, porque le faltan las dos patitas de atrás (a barata já não pode caminhar porque lhe faltam as duas patinhas traseiras).
Transportado para a política, esse é o drama da América Latina. Não aprende com as lições do passado e por isso não consegue avançar para o futuro. Políticos aventureiros se consideram progressistas, ignorando os erros e as conquistas do passado, e por isso levam seus povos a marchar para trás e a avançar, não para frente, mas para o lado.
Tem sido assim com as ideologias de direita e de esquerda e parece que não aprendemos. Gostamos de acreditar em ditadores ou em partidos fortes de direita que corrigem os erros da esquerda, ou ditadores e partidos forças de esquerda que corrigem os erros da direita.
Então, canonizamos um Fidel Castro, um Chavez, um Pinochet, um Videla, um Perón e pequenos e grandes caudilhos e senhores do engenho que nunca saem da política e nunca saem do poder. Falta-nos o aprendizado.
Vivemos de reconstruir o 14 Bis e achamos que isso é progresso, ou vivemos a ignorá-lo e achamos que isso é modernidade. Num curto espaço de 50 anos a América Latina passou da esquerda para a direita e de novo para a esquerda, mas sem idéias. É demais para povos que não conseguem consolidar nem um nem outro caminho.
Somos um pêndulo, enormes caminhões em zigue-zague por estradas mal planejadas e cheias de buracos e ciladas políticas. Não nos consolidamos e então aparecem uns aventureiros a dizer que o caminho é por ali. Milhões os seguem, para descobrir que eles também não sabiam para onde estavam indo. Dá-se o mesmo com pregadores religiosos que garantem saber o caminho do milagre e da salvação e fazem questão de mostrar que com eles chegou a verdade mais verdadeira.
Um dia, o país vai descobrir o seu equilíbrio e quando descobrir perceberá que é possível, às vezes, ir um pouco para a direita e outro pouco para esquerda e que, quando se vai demais para um lado ou para o outro o desastre é iminente.
Oremos para que Deus nos ajude a livrar-nos, através do voto, dos extremistas da esquerda e da direita dos espertalhões da falsa eqüidistância. Precisamos de gente equilibrada, mas capaz de visão aberta dos problemas. Governantes com viseiras mais complicam do que ajudam, até porque o equilíbrio e a moderação são virtudes muito mais difíceis do que a bazófia e a pose de salvador da pátria, do tipo “ninguém mais do que eu” “nunca antes neste país”...
Nós brasileiros, que nos consideramos um povo tão simpático e tão esperto, poderíamos votar com maior consciência e os partidos poderiam nos apresentar políticos de melhor envergadura.
Há os bons, mas esses não estão conseguindo dar o tom, nem no Congresso, nem no Governo. Não deve ser nada fácil ser político no Brasil, mas também não é nada fácil ser eleitor: a gente vota e depois percebe que não foi levado a sério.
Fonte: www.padrezezinho.com