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Padre Zezinho
Padre, cantor, catequista
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A síndrome do filho único
Poluíram as águas e o ar que respiramos. Fizeram experiências químicas e criaram novos alimentos. Acabaram com as florestas e dizimaram milhares de espécies, de minúsculos a grandes animais.
Jogaram tóxicos nas plantas. Os tóxicos desceram para o solo com as primeiras chuvas. Do solo foram para os rios, dos rios para as lagoas ou para o mar.
Representantes do povo, em muitos países, decidiram que é permitido abortar e também que é permitido casar com pessoa do mesmo sexo. O que dizem os profetas e os religiosos não tem nenhuma importância para eles. Se um grupo quer alguma coisa e a maioria aprova, então, torna-se verdade. Dizem que este assunto de fé, princípios, moral, Igreja, Deus, é relativo. Os homens e mulheres se organizaram em grupos, em comunidades de países e decidiram que o que vale é o voto da maioria.
Como as religiões estão divididas e também cada uma diz o que quer, não se sentem obrigados a ouvi-las. Divididos em etnias, raças, religiões, ideologias, correntes e partidos, os homens caminham cada qual querendo que o mundo siga o seu jeito de ver a vida ou pelo menos esperam que ninguém se meta nos seus projetos. Acham-se no direito de fabricar bombas atômicas, armas bacteriológicas e artefatos que matam milhões e ao mesmo tempo proibir que outros fabriquem. Eles podem, os outros não!
Acumulam somas incalculáveis de dinheiro enquanto determinam o preço dos frangos, das laranjas e das batatas dos povos pobres. Não se cansam de ter cada dia mais e não se cansam de lutar para que os outros tenham cada dia menos. Quase dois bilhões de seres humanos vivem com menos de dois dólares por dia, isto é, são candidatos à fome ou passam fome e os programas de assistência não chegam lá. Mas há dinheiro para aquedutos, gasodutos, bombas, aviões-bombardeiro, construções megalômanas. Só não sabem o que fazer pelos pobres do mundo, exceto de permitir programas que os impeçam de ter filhos ou que lhes permitam abortar os filhos que não querem ou não podem ter.
Donos das sementes das cadeias alimentares, dos produtos de fertilização do solo, das fontes de informação e, em breve, das águas do planeta, esses poucos homens poderosos que se reúnem em corporações sentem-se os novos deuses da história. Nada os detém. Se der lucro eles fazem e se clonar um ser humano for vantajoso, eles darão um jeito de consegui-lo.
Há sempre um jeito de calar os religiosos e de convencer uma população inteira de que isto é bom para o futuro da humanidade. E se puderem comprar um púlpito e uma igreja, é o que farão. Talvez eles não sejam o anti-Cristo, mas certamente são o anti-homem. Não lhes interessa a sorte e o futuro de bilhões de pessoas, contanto que a deles esteja garantida.
Como animais que urinam numa área da floresta para delimitar o seu território, eles delimitam o seu. Só que o seu território está ficando cada dia maior. E se decidirem que querem a terra e o espaço dos outros é isso o que farão. Corporações, indústrias, políticos, países, grupos de máfia, grupos religiosos, avançam impiedosamente no território e nas ovelhas dos outros.
Ouve-se no mundo inteiro um só grito: “é meu, é meu, é meu!”. Tudo lhes pertence ou pode pertencer. Nada que é do outro é sagrado, mas o que é deles é intocável! É nesse tipo de mundo, onde milhões não agem como irmãos e não querem ser irmãos, que você escolheu ser irmão de todos, irmã de todos. Não se iluda: é muito difícil! Alguém quis isso e o fez da maneira mais altruísta possível e acabou torturado e crucificado e seus discípulos mais imediatos também.
O mundo sofre há milênios a “síndrome do filho único” e não quer ter irmãos e ter que dividir os seus bens com os outros. Ele até aceita desde que joguem na bolsa, tussam, orem, cuspam, invoquem a Deus exatamente como ele. Então, aceita chamá-lo de irmão, desde que você admita que o escolhido é ele e que a maior parte da herança a ele pertence. Segundo eles, não existem direitos iguais e se alguém insistir nessa pregação, há uma cruz a sua espera em algum lugar do planeta.
Fonte: www.padrezezinho.com