A política de controle populacional na Índia está em tela de juízo depois que ao menos 14 mulheres morressem por causa das operações que lhes realizaram para esterilizá-las e que tiveram lugar em Chhattisgarh, um dos estados mais pobres.
O fato ocorreu entre o 14 e 15 de novembro e segundo os reportes se usaram medicinas vencidas e o hospital tinha estado fechado por quatro meses. No entanto, reabriu-se repentinamente, aumentando os riscos de infecção.
Um vocero da Arquidiócesis de Raipur e que inclui a Chhattisgarh, indicou que as mulheres foram operadas, receberam suas medicinas e depois enviadas a casa.
“Nos dói o descuido da administração do doutor”, assinalou o vocero identificado como Sebastián. Indicou que a Arquidiócesis só promove educação sobre métodos naturais de planejamento familiar.
As esterilizações são parte do plano do governo para frear o aumento da população. Normalmente estes procedimentos requerem anestesia, mas isto não se lhes proporcionou às mulheres de Chhattisgarh. Ademais, faleceram por infecção e perda de sangue.
Segundo a BBC, 83 mulheres foram operadas em só seis horas pelo médico e seu assistente. O governo assinala que um cirurgião pode realizar 35 operações num dia.
Período de emergência
No entanto, esta política não é recente na Índia. Mara Hvistendahl, um reconhecido jornalista, recordou os casos de negligência nas esterilizações realizadas durante o “período de emergência” de junho de 1975 e março de 1977 estabelecido pela premiê Indira Gandhi e que teve na mira a milhões de “dalits” (os intocáveis), e muçulmanos.
Segundo o Population Research Institute, documentos revelaram as políticas coercivas desses dois anos, similares ao ocorrido faz umas semanas. “Mais de onze milhões de homens e mulheres foram esterilizados forçadamente”, com muitas mortes por mal condições sanitárias.
Quotas mensais
Danielle Sisk, diretora de uma instituição de defesa dos dalits, denunciou que as mulheres mais pobres são vistas como um objetivo fácil para as esterilizações, sobretudo por sua falta de educação.
Na Índia se supõe que as esterilizações são voluntárias, mas há muitos reportes de coerção de mulheres, a quem lhes oferecem pequenas somas de 20 dólares, que equivale a uma semana de trabalho em Chhattisgarh.
“Quando tens um doutor na comunidade que se diz tem que cumprir uma verdadeira quota cada mês, então tens doutores tratando de realizar esta incrível campanha, talvez 80 ou 100 num dia”, freqüentemente com pouco ou nenhum monitoreo, assinalou.
Ademais, denunciou que às mulheres freqüentemente se lhes diz que a esterilização é por seu bem, mas como se pode assegurar isto quando carecem de educação.
Tráfico sexual
Assim mesmo, advertiu Sisk, outra conseqüência das esterilizações de mulheres pobres é que se as converte num objetivo dos traficantes que comercializam com a exploração sexual.
“Trabalhamos muito de perto com as prostituta do templo (templo prostitutes), garotas vendidas a temporã idade para o templo…quem são basicamente usadas ou sexualmente explodidas”, assinalou, sem risco de que saiam gestantes “ou tenham que pagar por um aborto”.
Nesse sentido, assinalou que enquanto muitas vezes se vêem as esterilizações como um meio de controle populacional, o problema maior na Índia –e em outros países de Ásia-, é a desvalorização das mulheres. “Todos estamos fatos à imagem de Deus”, recordou Sisk.