O número de mortos no conflito em Gaza atingiu cifras trágicas, superando 44 mil pessoas, das quais cerca de 70% são mulheres e crianças. Entre elas, mais de 13 mil são crianças, com aproximadamente 800 menores de um ano de idade. Este cenário alarmante foi descrito por Chris Sidoti, advogado de direitos humanos e comissário da Comissão Internacional Independente de Inquérito da ONU sobre o Território Palestino Ocupado. Segundo Sidoti, o número de crianças mortas é o maior já registrado em qualquer conflito deste século, destacando os traumas profundos vividos por jovens que perderam familiares, enfrentaram deslocamentos múltiplos ou sofreram ferimentos graves.
A violência que se intensificou em outubro de 2023, após ataques realizados pelo Hamas e outros grupos armados no sul de Israel, também deixou mais de 1.700 mortos entre israelenses e estrangeiros. Sidoti observou que o conflito reflete uma guerra contínua de quase um século, caracterizada por ciclos de violência que agravam o sofrimento humano e perpetuam a instabilidade.
A ocupação e as violações aos direitos humanos
A Comissão de Inquérito, criada em 2021, já havia concluído anteriormente que a ocupação israelense no território palestino é ilegal, conforme a legislação internacional. Essa posição foi confirmada pela Corte Internacional de Justiça, que determinou que Israel encerre a ocupação e a expansão de assentamentos de maneira imediata. Contudo, a falta de compromisso político por parte dos líderes de ambas as partes tem frustrado repetidamente os esforços para implementar soluções duradouras.
Sidoti ressaltou que, além das perdas humanas, as violações incluem ataques a civis, destruição de propriedades, tortura e outros crimes de guerra. Apesar de reconhecer que os grupos armados palestinos também cometeram atrocidades, ele chamou atenção para o impacto desproporcional da violência sobre civis palestinos, especialmente crianças, que representam as principais vítimas desta guerra moderna.
A solução que permanece inatingível
Desde 1947, a ONU propõe a coexistência de dois Estados – um judeu e um palestino – como uma solução pacífica e viável para o conflito. No entanto, esta proposta nunca foi implementada devido à falta de vontade política dos líderes de ambos os lados. Recentemente, o parlamento israelense rejeitou formalmente a solução de dois Estados, intensificando as incertezas sobre um caminho para a paz.
Sidoti enfatizou que a resolução do conflito exige comprometimento político genuíno para implementar um acordo que respeite os direitos e a dignidade de ambos os povos. Enquanto isso não ocorre, o sofrimento humano e as tragédias causadas pela violência continuam a se aprofundar, com um impacto devastador sobre as gerações futuras.
por Wanderlei Soares
Fonte: Cançao Nova Not
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