Bispos condenam uso da fé em campanhas à Presidência

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), entidade da Igreja Católica, divulgou uma nota nesta terça-feira, 11, em que condena o uso político da fé nas eleições à Presidência da República neste ano. Os religiosos alegam que a manipulação religiosa desvirtua valores do Evangelho e tira o foco dos reais problemas que precisam ser debatidos e enfrentados no país.

“Lamentamos, neste momento de campanha eleitoral, a intensificação da exploração da fé e da religião como caminho para angariar votos no segundo turno. Momentos especificamente religiosos não podem ser usados por candidatos para apresentarem suas propostas de campanha e demais assuntos relacionados às eleições. Desse modo, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lamenta e reprova tais ações e comportamentos”, afirmou a entidade.

A nota é assinada pelo presidente da CNBB, dom Walmor Oliveira de Azevedo, e por outros três arcebispos que compõem a diretoria da entidade. “A manipulação religiosa sempre desvirtua os valores do Evangelho e tira o foco dos reais problemas que necessitam ser debatidos e enfrentados em nosso Brasil”, afirma a entidade.

Nas eleições deste ano, os evangélicos que compõem parte da comunidade cristã têm conquistado a atenção dos candidatos, em especial dos presidenciáveis. Por eles, alguns candidatos têm travado uma “guerra santa” na batalha que antecede as urnas.

A atenção dos candidatos se explica pelos números. De acordo com os últimos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), metade da população se declarava católica e 30% evangélica. A expectativa é que, até o fim desta década, os dados apontem 50% para cada grupo. Ainda que sejam disputados por todos, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) são os candidatos que mais têm mostrado empenho na busca pelo voto dos evangélicos.


NOTA DA PRESIDÊNCIA


“Existe um tempo para cada coisa” (Ecl. 3,1)

Lamentamos, neste momento de campanha eleitoral, a intensificação da exploração da fé e da religião como caminho para angariar votos no segundo turno. Momentos especificamente religiosos não podem ser usados por candidatos para apresentarem suas propostas de campanha e demais assuntos relacionados às eleições. Desse modo, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lamenta e reprova tais ações e comportamentos.

A manipulação religiosa sempre desvirtua os valores do Evangelho e tira o foco dos reais problemas que necessitam ser debatidos e enfrentados em nosso Brasil. É fundamental um compromisso autêntico com a verdade e com o Evangelho.

Ratificamos que a CNBB condena, veementemente, o uso da religião por todo e qualquer candidato como ferramenta de sua campanha eleitoral. Convocamos todos os cidadãos e cidadãs, na liberdade de sua consciência e compromisso com o bem comum, a fazerem deste momento oportunidade de reflexão e proposição de ações que foquem na dignidade da pessoa humana e na busca por um país mais justo, fraterno e solidário.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte (MG)
Presidente da CNBB

Dom Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre (RS)
Primeiro Vice-presidente da CNBB

Dom Mário Antonio da Silva
Arcebispo de Cuiabá (MT)
Segundo Vice-presidente da CNBB

Dom Joel Portella Amado
Bispo auxiliar da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)
Secretário-geral da CNBB