Somos chamados a uma vida extraordinária, mas ela não se encontra nas viagens ao redor do mundo nem nas experiências materiais, e sim no cotidiano. É no dia a dia que construímos, como Santa Teresinha, nosso caminho rumo à santidade.
Muitos têm uma experiência com o Amor de Deus e se empenham em segui-Lo, mas acabam desanimando no meio do caminho. Às vezes, ao olhar para os feitos dos grandes santos, esperamos também realizar coisas extraordinárias, quando geralmente nossa via de santificação (pelo menos para a maioria) se encontra no cotidiano. Santa Teresinha do Menino Jesus, crendo ser pequena demais para alcançar os grandes feitos, dizia: “Eu sou uma alma muito pequena, que não pode oferecer a Deus mais do que coisas muito pequenas.” Foi ali, nos afazeres e pequenos sacrifícios do dia a dia, que ela construiu seu caminho para a santidade; esse caminho é possível a nós, se começarmos hoje mesmo, agora.
Infelizmente, o modernismo e suas ideologias nos venderam uma vida fictícia, onde só podemos ser felizes se tivermos muito dinheiro, se vivermos muitas aventuras, se tivermos uma vida extraordinária. Sim, somos chamados a uma vida extraordinária, mas ela não se encontra nas viagens ao redor do mundo nem nas experiências materiais, e sim no cotidiano. É no dia a dia que construímos, como Santa Teresinha, nosso caminho rumo à santidade.
Não podemos nos contaminar com esse pensamento moderno, que não é capaz de perceber a presença de Deus nas coisas simples. G. K. Chesterton dizia que “A coisa mais extraordinária do mundo é um homem comum, uma mulher comum e seus filhos comuns”, justamente porque, com a desconfiguração do homem à sua real identidade, ser uma pessoa comum acaba sendo uma coisa extraordinária e rara nos dias de hoje.
Uma mulher que escolhe, por exemplo, cuidar da casa e da família, é vista como uma estranha para o mundo; mas o que pode ser mais belo do que o sacrifício diário de uma mãe e esposa que, por amor, escolhe se doar para sua família? O que pode ser mais belo do que uma mulher que, mesmo em meio à rotina cansativa, em meio à louça do dia, consegue oferecer a Cristo seu cansaço por um bem maior?
Os exemplos se arrastam por todas as áreas, desde o pai de família que trabalha o dia todo para sustentar sua família até o jovem que estuda com dedicação; da freira que cuida dos doentes até o padre que atende dezenas de confissões por dia. O mundo tentará sentir pena de nós e nos tratar como estranhos, mas não podemos nos enganar com essa ótica triste: no fundo, são eles que precisam de compaixão, pois, entregando-se ao egoísmo e à busca desenfreada por uma “vida extraordinária”, só encontram o vazio, sem nunca provar da grandeza presente nas pequenas coisas do cotidiano. Sem nunca contemplar a Providência de Deus numa conta paga, ou o sacrifício entregue numa hora extra de trabalho, ou o amor abnegado de uma mãe ao levantar no meio da madrugada para alimentar seu filho.
São estes pequenos atos diários que nos tornarão santos. O amor se prova na constância, é na rotina que Deus se faz presente e nos dá oportunidades de oferecer provas de amor. Por isso, se você deseja ter uma vida extraordinária, comece pelo ordinário. Seja uma pessoa comum, contemple a beleza e a ação Divina no dia a dia. No fim das contas, quando estivermos diante do Senhor, essa será a vida que terá valido a pena: a vida de quem esteve no mundo com olhar fixo na eternidade.